Vida em Família

Como lidar com crianças de gênio forte?

Identificar
e aprender como lidar com o temperamento dos filhos desde a primeira infância é
um importante auxílio para um processo de educação bem-sucedido, especialmente
para os pais que têm em suas mãos um pequeno de gênio forte.
Como
todos os tipos de temperamento, o gênio forte (ou colérico) apresenta
características positivas e negativas. Se seu filho é muito ativo e disposto,
decidido (por vezes até mesmo obstinado), persistente, altamente perspicaz,
prático, observador, independente, mandão, dominador, desafiador, destemido, genioso,
resistente a demonstrações de afeto e um tanto agressivo, é bem provável que
você esteja diante de um pequeno colérico. Mas não se desespere. Embora o
colérico apresente características fortes, se trabalhadas corretamente, elas
poderão tornar-se grandes bênçãos. Uma prova disso é o apóstolo Paulo, cujas
características próprias de colérico, após sua conversão, foram nobremente
usadas pelo Senhor.
Assim,
se você é pai ou mãe de um pequeno colérico, saiba que cabe a você cooperar
desde agora com Deus para reforçar as características positivas e transformar
as negativas. Este artigo reúne uma série de orientações práticas que a Equipe Vida Campestre recebeu em uma conversa exclusiva com Maiza Dias Ribeiro,
conselheira graduada em Ministry in Counseling pela Florida Chrisntian University (EUA),
mestranda em psicologia clínica, missionária e fundadora do projeto Alcançando Corações Brasil:
Ore
muito
A
criança colérica precisa de resistência. A palavra resistência denota pressão e
energia, firmeza e um comportamento claro e inalterado, transmitindo à criança
a mensagem de que o pai e a mãe sabem o que estão fazendo quando pedem e exigem
certa atitude que foi negada pelo pequeno de “gênio forte”. Essa
resistência deve vir de alguém forte o bastante (os pais) a fim de ajudar a
criança entender que há dificuldades na vida.
A
criança de “gênio forte” é geralmente intolerante, teimosa, obstinada, e suas
crises de fúria devem ser tratadas ora com humor, ora com indiferença.
O
educador, terapeuta e pais devem desenvolver um estado de serenidade e autocontrole
a fim de conquistar o respeito dessa criança destemida – o que somente é possível
com constante oração.
Os
pais devem interceder e orar em seu favor na mesma medida (ou mais) das
pressões que vierem a exercer para a criança ceder. Lembre-se, a resistência inculcará
na mente da criança uma clara e profunda ideia de que há mais alguém além dela
mesma que sabe como lidar, vivenciar, agir e decidir.
Diga
e faça
É
muito importante para a educação do “gênio forte” que os pais façam
exatamente o que dizem, que cumpram fielmente o que prometem. Um “gênio forte” não se relaciona nada bem com pessoas fracas e indecisas. Se um colérico
testemunha os pais negando algo para ele em dado momento e cedendo em outro,
certamente vai exigir o mesmo tratamento sempre. Os pais precisam ser coerentes
em tudo que fizerem ou disserem. Cumprir o que se promete é um ponto de
admiração para os filhos de temperamento forte. Eles admiram pessoas coerentes.
Seja
calmo, mas firme
O “gênio forte” possui, mais por instinto do que por formação consciente, a
capacidade de sentir e perceber quando alguém chegou ao limite (situação
mostrada e exemplificada pela perda de controle) e usa isso para dominar.
Percebendo que a perda de controle evidente foi conseguida, imediatamente ele
acredita que pode ser a solução para a situação e que ele tem razão e não é o
real problema do momento, que a pessoa em questão o teme, que sua reação foi e
é uma clara demonstração de que ele é quem está certo no pleito. Por isso, a
calma cheia de firmeza conseguida nas horas de “birra” faz mais do
que falar.
Os
pais devem dominar o temperamento do filho com firmeza, mas sem ira ou raiva,
tom de voz alterado, agressividade ou palavras rudes. Ajudar a criança a extravasar
com atividades sadias e dar-lhe a oportunidade de realizar e desenvolver
atividades que ultrapassem sua capacidade para que perceba sua limitação e
perca a ideia de que é onipotente.
O
colérico respeita quem permanece firme e que não age com irritação. Calma cheia
de firmeza é a solução. Lembre-se: FIRMEZA cheia de calma!
Jamais
encolerize-se
Em
geral, o que costuma acontecer com quem trata “gênios fortes” ou pequenos
coléricos é se encolerizar junto com o pequeno, e isso é drástico.
Quando
uma esposa de marido colérico, por exemplo, grita, chora e faz escândalo, o tal
marido ganhou a questão. Ele no mesmo momento acredita que sua esposa é fraca e
pode e deve ser ajudada a viver. Pensa que é seu dever ajudar aquela pessoa “descontrolada” a ganhar um pouco de equilíbrio (o colérico acredita que a maneira
de ele enxergar a vida é a mais acertada) e aquela pessoa descontrolada e
chorosa a sua frente “precisa dele”. Tudo isso sem se dar conta de que a perda
da razão da esposa foi PROVOCADA exatamente pelo temperamento colérico que ele
possui.
A mesma situação se dá com os pais e filhos. Encolerizar-se com o filho
colérico apenas agravará o problema e acentuará as características negativas do
temperamento. Os pais devem usar mais a razão do que a emoção – e evitar a todo
custo alterar-se.
Diga
com calma e firmeza o que deve ser entendido e permaneça nessa posição de
maneira que seja aquela a única opção que haja para o problema ser resolvido.
Evite
chorar
O “gênio forte” ou colérico não administra muito bem o choro dramático de outras
pessoas. Sente que o choro é sinal de fraqueza e diante do pranto aumenta sua
ação colérica, pois ele mesmo só chora quando não aguenta mais e então se sente
fraco.
Demonstre
afetividade
A
falta de afetividade natural do colérico o faz solitário e isso é algo terrível
para ele, mas ele enfrenta a situação com mais agressividade ainda. Por isso, a
necessidade de essa característica ser tratada desde cedo. Embora o colérico
seja quase sempre “frio” e resistente a demonstrações de afeto, ele se mostra
muito sensível quando entende que é falível e que não é onipotente.
Para
ajudar o filho vencer esse traço, os pais devem demonstrar muito carinho e amor
quando o filho aceitar, como também ajudá-lo a entender que isso é bom e
agradável. Os pais devem demonstrar carinho um pelo outro na frente da criança
sorrindo um para o outro de maneira prazerosa e constante.
É
importante ensinar mais através do exemplo do que pela prática. Isto é, os pais
devem mostrar como se faz carinho e como se demonstra afeto (sendo muito
afetuosos entre si) e esperar até a criança decidir fazer carinho também.

Embora
deva haver bastante demonstração de afetividade, é preciso cuidar para não
confundir carinho com adulação ou mimo. A criança precisa perceber que a
resistência por parte dos pais às suas atitudes negativas não se confundem com
o amor que sentem por ela. Os pais podem e devem repetir muitas vezes que a
amam e por isso estão empenhados em ajudá-la a agir corretamente.
Repita
quantas vezes for necessário
A
criança de temperamento difícil é mais propensa a resistir a orientação e por
isso deve ouvir A MESMA orientação diversas vezes, centenas até. Essa
constante intervenção paterna deve ocorrer sem que a criança perceba ou sinta
que os pais estão cansados de tentar ajudá-la.
Vale
lembrar que não se deve mudar a orientação pensando que por algum motivo a
criança não entendeu (quando a criança não obedece, certamente foi porque está
em processo ou é por birra. Dessa forma, “vence” a questão quem permanecer por
mais tempo inflexível). Sendo assim, a criança precisa saber que aquilo que ela
está ouvindo jamais vai mudar. Se mudar é porque não era tão certo assim e por
isso, quem sabe, ela mesma estava certa em não atender os pais…
Para
evitar o desânimo nas horas de crise, lembrem-se os pais o quanto seus próprios
pais tiveram que repetir a mesma coisa até que finalmente tomassem a atitude
correta!
O
Céu se envolve nessa missão…
Queridos
pais, vocês não estão sós na missão de treinar os filhos a vencer os traços
negativos de seu temperamento. Vocês serão fortalecidos a cada dia para vencer
essa batalha. O Céu se envolve com vocês. Creiam nisso. Aliados ao poder
transformador de Deus, a vitória está garantida. Uma
atmosfera de paz envolve os pais que oram. Mesmo na horas mais difíceis e mais
desafiadoras, a oração constante produzirá uma atitude de vencedores.
Por Maiza Dias Ribeiro
Karina Carnassale Deana
Esposa do Davidson, mãe da Graziella (8) e dona de casa. Pedagoga e tradutora freelance. Gosta muito de escrever e inventar maneiras de ajudar as crianças a aprender. Ama a vida no campo e estar em meio à natureza com Deus e a família.

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2 Comentários

  1. Gostei muito desse post! Acho até que me identifico com ele. 🙂

    1. Tenho um filho assim, vou tentar mudar isso com poder de deus.

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