Vida em Família

Dicas para contar histórias bíblicas

Minha filha é cinestésica, isto é, para aprender ela sente
necessidade de “colocar a mão na massa” e participar ativamente da aprendizagem.
Na verdade, descobri que praticamente todas as crianças são assim e que apenas depois
de alguns anos, alguns dizem que a partir dos 7, é que vão demonstrar qual o
estilo de aprendizagem que se identificam mais (auditivo, visual ou cinestésico mesmo).
Antes de saber disso, achava que o melhor método para
ensinar minha filha fosse utilizando recursos visuais. Afinal, eu sou muito
visual e esse método funciona bem para mim. Por que não iria funcionar para ela
também?
Assim, investi em vários livros ilustrados para contar
histórias bíblicas. Ela gostava muito das ilustrações quando bebê, mas quando
começou a andar, a falar e a se movimentar mais, as ilustrações perderam o
encanto. Não que elas não tenham lugar agora, mas prendem a atenção apenas alguns
minutos. Agora o negócio é AÇÃO.
Ainda bem que tenho amigas que são mães há mais tempo e me
orientaram nessa transição, mostrando que ensinar com ação pode ser muito
divertido, tanto para as crianças quanto para os pais também. Aqui estão algumas dicas que aprendi com elas:
Ao contar uma história, seja bíblica ou não, tenha em mente
que seu filho precisa participar de alguma forma. Isso não significa que ele
tenha que dramatizar a história para aprender, aliás não recomendo a
dramatização. Sempre que selecionar uma história, pergunte-se:
1. Quais objetos relacionados à história posso apresentar ou ajudá-lo a encontrar ao
longo da narração?
2. Quais atividades posso desenvolver a partir dessa
história?
3. Quais conceitos/princípios práticos posso apresentar ao
estudar essa história a fim de torná-la relevante para o dia a dia do meu
filho?
Um exemplo prático:
Há pouco tempo, minha filha e eu estudamos a parábola dos
dois construtores – o que construiu sobre a rocha e o que construiu sobre a
areia (Mateus 7:24-27). Para envolvê-la e ajudá-la a entender o que Jesus quis
ensinar com a parábola, pensei em reunir os seguintes materiais:
  • Um pedra
  • Um montinho de areia
  • Um regador de plantas com água

Segui de forma natural o seguinte roteiro:
Lançando “chuva”
sobre a areia e a rocha
1. Comecei orando para que Jesus nos ajudasse a entender o
que aquela história tinha a nos ensinar.
2. Em seguida, disse que eu contaria uma história que tinha sido contada
pelo próprio Jesus e mostrei na Bíblia onde a história está registrada.
3. Enquanto começava a contar a história, levei-a para o
quintal e pedi a sua ajuda para encontrar uma pedra (em casa há muitas) e reunir um pouco de areia. Depois, pedi para que ela colocasse a pedra e o monte de areia ao lado um
do outro.
4. Ajudei-a a fazer uma rápida análise sobre os dois
materiais, lançando perguntas como:

  • Qual dos dois é mais forte: a areia ou a rocha?
  • Se jogarmos água aqui, o que será que vai acontecer?

5. Prossegui narrando a história, ajudando-a a imaginar como os
construtores fizeram a casa, o trabalho que tiveram, etc. Nesse momento mostrei
figuras de casas sobre a rocha e casas sobre a areia para exemplificar.
6. Ao chegar a parte da chuva, entreguei-lhe o regador com
água e pedi que jogasse sobre a rocha. Apontei que a rocha não se moveu com a ação da água, não
sofreu qualquer alteração. Em seguida, pedi que jogasse a água sobre a areia e
ela logo notou a diferença. A areia escorreu por completo! Aproveitei para
mostrar uma figura de uma casa em ruínas construída sobre a areia.
7. Fiz a aplicação espiritual apontando que a rocha é
Cristo e a obediência à Sua Palavra, a Bíblia. Se estamos com Cristo, não seremos
destruídos pelas tentações/dificuldades (água). Nesse momento, especifiquei as dificuldades dela e disse que com Jesus (nossa Rocha) ela pode vencer. Da mesma forma, disse que a areia representa o
inimigo e a desobediência à Palavra de Deus, que nos levará à destruição. Despois disso, reforcei
os símbolos, perguntando;
  • O que a rocha representa?
  • O que a areia representa?
  • O que a água representa?
  • O que vai acontecer se construirmos sobre a rocha/sobre a areia?

8. Ao final, fiz a pergunta:
  • Quem você escolhe: a rocha ou a areia?
Graças a Deus, ela escolheu a rocha, mas quis saber se ia
poder continuar brincando com a areia (ela ficou preocupada de a areia
representar o inimigo)! Expliquei que se tratava de um símbolo e ela podia
continuar brincando com a areia sem problemas!!!

9. Para encerrar, cantamos o hininho: “Sobre a areia o sábio construiu…” enquanto ela jogava água novamente sobre a rocha e outro montinho de areia. Ela quis repetir essa parte muuuuitas vezes. Haja areia! Por fim, oramos para Jesus nos ajudar a sempre escolhermos a rocha.

Como ela ainda é pequena, costumo contar a mesma história
ao longo de uma semana dividindo-a em partes, cada dia conto um pouco. É
fácil fazer isso com histórias mais longas, mas há histórias mais curtas e
diretas que nem sempre dá para esticar tanto. Nesse caso, conto tudo, mas
acrescento uma novidade (na medida do possível) a cada dia. No caso da história
acima, contei tudo no mesmo dia e reforcei durante a semana. Ela não achou nem
um pouco ruim ficar jogando água na pedra e na areia!!!
Para minha alegria, poucas semanas depois de ter contado
essa história, acompanhamos meu esposo em uma viagem a trabalho no litoral. E
adivinha o que encontramos na praia?
Esse cenário tão lindo foi perfeito para narrar a história
novamente, mostrar casas reais construídas sobre a rocha e sobre a areia.
Pudemos escalar uma enorme rocha e comprovar como é resistente e forte e ao
mesmo tempo ver de perto como a areia é levada facilmente pelas ondas. Foi
muito especial. Os símbolos ficaram bem gravados na mente infantil da minha
filha – e na minha também. Firmamos ali nosso desejo de construir nossa vida sobre a
rocha.

Realmente contar histórias dessa forma é muito bom!

Outros exemplos resumidos (fotos):

1. Povo de Israel no deserto colhendo o maná pela manhã. Para essa história, usamos uma barraca infantil, mochila com pertences e pãezinhos para ilustrar a experiência do povo.

2. Moisés batendo na rocha com uma vara (o cão de pelúcia foi um acréscimo da minha filha!!!).

3. Oferta da viúva pobre. Usamos uma carteira com muitas notas (nesse caso o que importa é a quantidade, não o valor) para representar a “carteira” dos publicanos e fariseus, uma bolsinha com apenas uma moedinha para representar a “carteira” da viúva e um cesto para colocar as ofertas.

4. Bebê Moisés. Precisamos de uma bonequinha, um cesto de palha, cobertores, travesseiro e um lençol azul para representar o rio.

5. O nascimento de Jesus. Usamos uma caixa de madeira para a manjedoura, mato seco colhido no quintal e panos para arrumar o bercinho do bebê, uma boneca, uma faixa para enrolar a boneca, os bloquinhos e os animais de plástico para montar o estábulo (e milho e água para dar aos animais famintos!).

2. A visita dos sábios do oriente. Utilizamos um perfume para representar a mirra, uma bolsinha com muitas moedas para representar o ouro e um incenso. Percorremos o quintal com mochila, cobertor e travesseiro para ilustrar a viagem dos sábios até Belém.

Aqui estão apenas algumas histórias que já estudamos. Notei que certas histórias naturalmente atraem mais a atenção do que outras e são mais fáceis de trabalhar, mas com a ajuda de Deus, mesmo para as histórias mais difíceis, é possível tornar esse momento um momento solene e ao mesmo tempo alegre.

Que Jesus o abençoe e a mim também ao buscarmos contar de forma especial as histórias registradas em Sua Palavra e torná-las relevantes para nós e nossos filhos.

Por Karina Carnassale Deana
Mãe aprendiz da Graziella – 3 anos.
Karina Carnassale Deana
Esposa do Davidson, mãe da Graziella (8) e dona de casa. Pedagoga e tradutora freelance. Gosta muito de escrever e inventar maneiras de ajudar as crianças a aprender. Ama a vida no campo e estar em meio à natureza com Deus e a família.

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6 Comentários

  1. Muito bom karina, estou colocando em pratica suas dicas.
    Obrigado.

    1. Que bom, Jean, que as dicas estão sendo úteis a você. Fico feliz em saber!

  2. Muito legal, Karina!! Ótimas idéias, parabéns pelo trabalho! Que Deus continue abençoando o seu lar. abs

    1. Obrigada, Telma. Que Deus continue abençoando sua linda família também. Beijos.

  3. Que bom, Jean, que as dicas estão sendo úteis a você. Fico feliz em saber!

  4. Obrigada, Telma. Que Deus continue abençoando sua linda família também. Beijos.

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