Morar em centros urbanos é o sonho de muitas pessoas. Crescemos com o conceito de que é preferível fazer parte de uma sociedade complexa em que se tem tudo à mão 24h e muitas oportunidades. De certa forma isso é verdade, se avaliarmos do ponto de vista consumista. Os centros urbanos, na maioria dos casos, proporcionam empregos com um salário mais alto que nos permite gastar a hora que bem entendemos, sem nem mesmo sair de casa. Já outras pessoas decidem permanecer nos centros urbanos, mesmo a contra gosto, apenas por se sentirem mais seguras. Afinal, a polícia e a ambulância estão apenas a uma ligação de distância.Certo vez viajei do interior para a capital paulista ao lado de um senhor que reclamou sem parar da situação do bairro paulistano em que morava. Descreveu em detalhes o perigo que enfrentava ao chegar em casa tarde da noite, o medo de deixar a família sozinha e as inúmeras vezes em que foi barrado pela polícia ao ser confundido com um criminoso. A certa altura da conversa, perguntei por que continuava ali e por que não se mudava para outro lugar. A resposta foi controversa: “Eu amo morar ali.” Não entendi nada e ele continuou a reclamar.Naquela ocasião, meu esposo e eu estávamos em fase de transição da cidade para o campo. Apesar de nunca antes termos morado na zona rural, sempre almejamos uma vida diferente da que levamos durante três anos e meio no maior centro urbano brasileiro. Viemos de famílias que sempre moraram no interior, mas mesmo o interior não parecia oferecer os benefícios que podem ser encontrados no campo.O desejo de morar em meio à natureza não ocorreu por acaso. Ele se solidificou à medida que líamos a respeito do plano original de Deus para os Seus filhos. Os livros que mais tocaram o nosso coração, além da Bíblia Sagrada, foram Vida no Campo (CASA) e Fuga para Deus (CASA). Seria possível viver esse plano agora, em pleno século 21? Seria possível essa mudança radical de vida antes de nos aposentarmos? O plano de Deus parecia distante demais para nós, um alvo alto demais para ser atingido. Algumas perguntas começaram a bombardear a nossa mente: “Como obter o sustento no campo? Como mudar sem nenhuma reserva financeira? Para onde ir? E o meu emprego? E a vida social, como fica?”Pouco a pouco, o nosso Deus de misericórdia e bondade mostrou-nos que se buscássemos em primeiro lugar o Seu reino e a Sua justiça, todas as demais coisa seriam acrescentadas (Mateus 6:33). Ele, o grande EU SOU, Aquele que sustentou dois milhões de homens (sem contar mulheres e crianças) no deserto durante quarenta anos, impressionou o nosso coração a cofiarmos em Seu poder e clamarmos pelo cumprimento de Suas promessas em nossa vida. Decidimos crer e confiar, mesmo que o nosso coração ainda estivesse temeroso. Mal sabíamos que ainda tínhamos muito a aprender sobre a confiança em Deus.Obedecer inteiramente a Deus, mesmo nas pequenas coisas, pode significar estar na contramão da vida deste mundo. Porém, é o único caminho para a real felicidade. O único caminho de volta a o lar.“Porque os Meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os Meus caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como o céu é mais alto do que a terra, assim são os Meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os Meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos” (Isaías 55:8-9).Por Karina Carnassale Deana – Vida Campestre