É muito desagradável, e diria mesmo desastroso, ter que voltar do campo para a cidade depois de libertar-se do urbanismo escravizante. Além de ser uma desanimadora experiência para a própria família, deixa um mau testemunho tremendo, pois servirá de justificativa para os temerosos ou de deboche para os que rejeitam essa ordem de Deus para quem vive nesta época.
É possível que muitas pessoas pereçam nas cidades, mesmo tendo acalentado por muito tempo o desejo de viver no campo. Somente o desejo não resolve, faz-se necessária firme decisão. O assunto de sair da cidade vez ou outra surge, ou pela falta de água, ou pelo calor insuportável, pelo barulho, insegurança, alto custo de vida, ar impuro, correria, etc. Quando se visita alguém que vive na área rural então… o desejo reacende, mas, em geral, volta-se à rotina e nada muda.
Felizmente não é assim com todos. Alguns efetivamente tomam a decisão e deixam o emprego, a casa confortável, proximidade de amigos e parentes, as facilidades e dificuldade urbanas e … “campo, aqui estamos nós”. Compram ou alugam um sítio para onde mudam com grandes expectativas de alegria e bem estar.
Ao chegar à nova morada entre a bela natureza tudo parece maravilhoso: o cantar dos pássaros; o verde; as flores; o silêncio da noite quebrado apenas por grilos e piados de coruja; água pura; ar puro; frutas frescas sem veneno colhidinhas na hora; até o céu estrelado pode ser visto que muitos nem sabem como é; cheiro bom de comida feita em fogão a lenha; etc. Mas… não tão devagar começam aparecer os percalços: arrebenta a mangueira que fornece água para a casa; o gado do vizinho invadiu a sua horta e acabou com tudo; não tem sinal de celular; não tem internet; não chega carteiro; não passa lixeiro; e aparece uma enorme aranha no quarto; tem sapo na varanda e alguns dormem embaixo do tanque; o carro atola na lama com todos arrumadinhos para irem à igreja, que é bem longe; não tem shopping; não tem supermercado nem padaria por perto, nem mesmo um disk-pizza!!!! E agora?
Quando a decisão de viver no campo foi tomada, quais foram as motivações? Se foram fundamentalmente qualidade de vida, segurança, fugir da perseguição, ou qualquer outro fato relacionado a questões temporais, a possibilidade de um retorno à cidade é maior. No entanto, se a principal razão foi fazer a vontade de Deus, então, permanência no campo estará vinculada à essa magnânima razão, não a circunstâncias, sejam elas quais forem.
Aqueles que decidem viver incondicionalmente submissos à vontade de Deus não recuam diante das dificuldades, nem mesmo das enormes ou aparentemente instransponíveis. “Disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me” (Mateus 16:24). Jesus não veio para alargar a porta estreita, mas para nos dar poder e exemplo a fim de vivermos de acordo com a Sua vontade. A propósito, os que servem a Deus de todo o coração, não recuam nem mesmo diante da morte, pois confiam nAquele que fez a promessa: “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Apocalipse 2:10). Sabem que o Eterno é fiel e que Sua Palavra nunca falha. Sabem também que “Deus não exige que renunciemos a coisa alguma cuja conservação nos seja de proveito. Em tudo que faz, tem em vista o bem-estar de Seus filhos” (E. G. White, Caminho a Cristo, p. 46).
“Cada ação deriva sua qualidade do motivo que a prontificou, e se os motivos não são elevados, puros e altruístas, a mente e o caráter jamais se tornarão bem equilibrados” (E. G. White, Mente, Caráter e Personalidade, v. 1, p. 347).
Aprendi neste artigo que a maior motivação para a minha mudança para o campo tem que ser fazer a vontade de Deus.
Deus os abençoe
Valdomiro Polidório