Perfeição. Esta é uma palavra que talvez não deveria estar no vocabulário humano. Afinal de contas, nada neste mundo é perfeito. Perfeição — refere-se à ausência de faltas em sua forma mais usada — é algo de outro mundo para humanos falíveis. Será? Não é de admirar que os cristãos arranjem subterfúgios para este termo e para as suas implicações soteriológicas? O que é possível para nós? O envelhecido Abrão aproximava-se do marco centenário quando Deus lhe chamou para ser perfeito: “Sendo, pois, Abrão da idade de noventa e nove anos, apareceu o Senhor a Abrão, e disse-lhe: ‘Eu sou o Deus Todo-Poderoso, anda em Minha presença e sê perfeito'” (Gênesis 17:1).
Suponha que um dia Deus fale com você e lhe diga para ser perfeito. Como você se sentiria? Pressionado? Pensaria que Deus estivesse de brincadeira com você? Certamente que o Deus que esteve presente na ocasião em que Eva mordeu aquela fruta saberia o quão impossível é ser justo, que dirá perfeito.
“Por que deveria qualquer homem de razão e religião temer ou ser avesso à salvação de todos os pecados? Não é o pecado o maior mal deste lado do inferno? E se é assim, não se segue que uma total libertação disso é uma das maiores bênçãos deste lado do Céu? Quão ansiosamente, então, deveriam todos os filhos de Deus orar por isso! Por pecado eu quero dizer transgressão voluntária de uma lei conhecida. Você é avesso a ser liberto disso? Você tem medo dessa libertação? Você ama, então, o pecado que você está tão pouco disposto a deixar?” (Wesley, 176).
Para nós, a justiça de Cristo não é somente uma declaração legal, mas é também a transformação de nossa vida. É por isso que João pôde escrever: “Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus” (1 João 3:9). No evangelho de João, é dito a Nicodemos: “Necessário vos é nascer de novo” (João 3:7). Nascer de novo é ter o dom de Cristo habitando em nós, Sua justiça sobre nós o tempo todo.