Pois finalmente me tornei vegano. Os últimos resultados do Estudo Adventista de Saúde II demonstraram que os veganos, ou vegetarianos totais, os quais não consomem nenhum produto de origem animal, têm menor nível de colesterol, de LDL ou mau colesterol, de triglicerídeos, glucose, pressão arterial, peso, e maior nível do colesterol bom ou HDL quando comparados com todos os outros tipos de dieta comum entre os adventistas (ovolacto, lacto, pescovegetarianos e omnivoros).
Na última conferência do Colégio Americano da Medicina do Estilo de Vida (ACLM), esta tendência também foi confirmada. E mais, a dieta vegana é capaz de reverter uma série de enfermidades relacionadas com o estilo de vida. O doutor Esselstyn, da Clinica Cleveland em Ohio, Estados Unidos, provou que e possível reabrir as artérias coronárias entupidas com placas de colesterol simplesmente adotando uma dieta exclusiva à base de vegetais (vegana). O doutor Ornish até foi mais à frente, pesquisando o efeito deste tipo de dieta na reversão e controle do câncer da próstata. O doutor Youngberg apresentou sua experiência na reversão da diabetes com o mesmo estilo de dieta associada com adequado exercício.
A dieta vegana é capaz de reverter casos novos de diabetes e reduzir o risco de complicações do diabético, como a retinopatia, a insuficiência renal, a cegueira e a doença coronariana. Em alguns casos, estas complicações podem até mesmo ser revertidas.
Na minha experiência prática como médico e nutricionista (agora tenho o título de nutricionista aqui nos Estados Unidos), sempre prescrevia esta dieta para pacientes com as doenças mencionadas acima. Por exemplo, quando era diretor da Clínica Adventista de São Roque, para quem tinha câncer, diabetes e problemas cardíacos, a dieta vegetariana total era sempre indicada.
Em Hong Kong, da mesma forma, prescrevíamos o regime vegetariano total usando os princípios do New Start (oito remédios) promovidos pelo Instituto Weymar, da Califórnia, Estados Unidos, os quais são vegetarianos rígidos. Tivemos vários casos de diabéticos que deixaram sua medicação e conseguiram controlar sua glicose somente com dieta, exercício e ervas medicinais.
Na minha experiência individual, fui vegano por alguns anos quando jovem, depois continuei vegetariano por vários anos. Na verdade, comecei a ser vegetariano aos 18 anos. Assim, são mais de 40 anos de vegetarianismo. Agora você pode também saber a minha idade.
Na minha família, temos uma epidemia de diabetes por parte de meu pai, o qual era diabético, perdeu sua visão, tinha uma polineuropatia gastrointestinal com diarreia crônica e acabou perdendo a vida numa cirurgia de amputação por causa de uma gangrena no pé. Tragédia total, não é mesmo? Desta forma, colocando todas as evidências na “mesa”, resolvi tirar dela os alimentos animais. Decidi voltar ao regime vegetariano total.
Penso que a decisão foi certa, mas tenho cuidado em aconselhar outros no mesmo sentido. Assim, se uma pessoa está com excesso de peso e risco aumentado de doenças metabólicas ou da syndrome metabolic (diabetes, colesterol, triglicerídeos, sobrepeso abdominal e pressão alta), o caminho é a dieta vegetariana total.
Porém, se não tiver condições de segui-la por razões financeiras ou mesmo por dificuldades em encontrar os alimentos para substituir os animais, siga um regime mais misturado, mais aumente o consumo de vegetais, frutas, nozes, grãos integrais, feijões e raízes.
Aqui em nossa clínica em Loma Linda temos um programa chamado Dieta do Prato Cheio, em que aconselhamos que a pessoa coma 40 gramas de fibra por dia, ou seja, entre a metade e ¾ de seu prato, em todas as refeições, deve ser constituído de alimentos vegetarianos fibrosos, na verdade, todos aqueles mencionados acima.
Portanto, amigo (a), é tempo de mudar, pelo menos para mim. Um conselho importante: não se torne um “vegatico” ou vegano misturado com fanático. Eu já fui vegatico e tive bons resultados com alguns pacientes e amigos, porém, sempre era visto como uma pessoa extremista em que tudo rodeava sobre alimentação e vegetarianismo. Seja estrito com você mesmo, mas tenha cuidado em pressionar outros a fazer mudanças alimentares. O exemplo fala mais alto e a amizade, o amor e a compaixão devem vir antes da “prescrição”.
Por Dr. Hildemar Santos