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O Tico-tico e o Chopim

Tico-tico (direita) alimentando
filhote Chopim (esquerda)

Entre as belas cenas da
natureza que observamos aqui no sítio, há uma que nos causa pena e certa indignação.
Quem já observou uma Tico-tico fêmea alimentar um filhote de Chopim sabe do que
estou falando. Os Tico-ticos são pássaros bem comuns na região em que moramos.
Vivem em casais e são bem territoriais. Entre os que habitam nos arredores de nossa casa, fizemos amizade com uma fêmea, que só neste ano já cuidou de dois
filhotes de Chopim.

Ninho de Tico-tico.
 C = ovo de Chopim
 T = ovo de Tico-tico
O Chopim é uma espécie
parasita. A Chopim fêmea é especialista em localizar o ninho da Tico-tico a fim de botar seus próprios ovos e ficar livre da árdua tarefa de mãe passarinho. A
Tico-tico, pensando que os ovos são seus, choca e cria os filhotes de Chopim. Os filhotes Tico-tico na maioria das vezes acabam morrendo no ninho, pois o Chopim, que é maior e bem mais forte, pisoteia os “irmãos” e fica com todo alimento que os pais trazem. 
Ao chegar a época de sair do ninho para acompanhar os “pais”, o filhote de Chopim já está bem maior do que um Tico-tico
adulto. Assim, a pobre “mãe” Tico-tico fica ainda mais desesperada atrás de comida para
alimentar o Chopim, que nunca parece estar satisfeito e a segue piando por toda parte. Ela acaba de colocar algo no bico do filhotão e ele já volta a piar,
piar, piar. A Tico-tico corre sem parar de um lado para o outro atrás de algo
para saciar o “saquinho sem fundo” três vezes maior do que ela. Algumas
Tico-ticos chegam a criar dois Chopins de uma vez. Coitadas! Na vida humana,
seria mais ou menos como ter um bebê gigante que não parasse de berrar o
dia inteiro, exceto enquanto engolisse a comida. Você pode imaginar uma
coisa dessas? Que horror!
Observando minha amiga
Tico-tico correr desesperadamente para cuidar de um Chopim esfomeado, comecei a
pensar que nós seres humanos também temos muitos “chopins” em nossa vida que nos
fazem correr desesperados de um lado para o outro a fim de “darmos conta do
recado”. É a prestação do carro, o financiamento da casa, a parcela do
notebook, a fatura do cartão de crédito, a conta telefônica, gastos com vestimenta, escola, utensílios e assim vai. Chopins que nos fazem correr desesperadamente para
ganhar um dinheiro que parece ser depositado em um “saquinho sem fundo”. A
rotina de sair cedo correndo para o trabalho e chegar à noite esgotado em casa
parece não ter fim. Não há tempo para Deus, não há tempo para a família. Não há
tempo para cuidar do que realmente importa. A maioria está tão preocupada em
saciar os “chopins” da vida que não consegue parar para viver.
A boa notícia é que ao
contrário da Tico-tico, que não tem raciocínio lógico para se libertar dessa
situação, nós podemos mudar. Podemos enxotar os “chopins”. Simplificar a vida. Podemos
escolher correr menos para ter mais tempo para o que realmente importa. Mas
para isso é preciso mudar algumas coisas. Quem sabe baixar um pouco o padrão de
vida. Reduzir os gastos. Não cair na ilusão do consumismo desenfreado. Estabelecer um orçamento e viver de acordo com ele. Mudar de emprego. Adotar um estilo de vida diferente.
Com menos “chopins”, não
precisamos correr tanto, desgastar-nos tanto. Podemos voltar a viver. Ter tempo
para Deus. Tempo para conversar com o cônjuge. Tempo para brincar com os
filhos. Tempo para apreciar a bela Natureza e aprender com ela. Tempo para
cumprir a missão designada por Deus aos Seus filhos. Esse é o plano divino para
o ser humano. Esse plano é possível de ser vivido aqui nesta Terra. Ao
buscarmos praticar a vontade do Pai, Ele Se encarrega de cuidar de nossas
necessidades, pois foi Ele que inspirou o salmista a escrever: “Inútil vos será
levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão de dores, pois Ele [Deus] supre
aos Seus amados enquanto dormem” (Salmo 127:2).
Clamemos a Deus o cumprimento dessa promessa em nossa vida e aceitemos o desafio de viver o estilo de vida que Ele planejou para o homem desde o princípio.
Karina Carnassale Deana
Esposa do Davidson, mãe da Graziella (8) e dona de casa. Pedagoga e tradutora freelance. Gosta muito de escrever e inventar maneiras de ajudar as crianças a aprender. Ama a vida no campo e estar em meio à natureza com Deus e a família.

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