Vida Cristã

A história se repete

Muitas coisas me impressionam na história do povo de Israel, descrita no Antigo Testamento: o amor de Deus, ao libertar o povo da escravidão; Sua didática, ao reeducá-lo no deserto; Sua paciência, ao suportar a teimosia do povo; Sua misericórdia, ao perdoar tantos pecados recorrentes; Sua justiça, ao exterminar o mal; Seu poder, ao operar incríveis milagres. Impressionam-me também a paciência, a mansidão, o amor, a submissão, a retidão de Moisés. Mas o que mais me impressiona é a teimosia do povo. Como pode alguém ser tão teimoso e ingrato, insistindo sempre nos mesmos erros, mesmo após recebertantas bênçãos e presenciar tantos milagres como evidências do imensurável amor de Deus?!

Era assim, indignada, que eu me sentia ao pensar no povo de Israel…. até que Deus me mostrou, para minha surpresa, que eu e meus irmãos na fé não somos nada diferentes desse povo. “Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca, pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu” (Apocalipse 3:17). Esse é o lamentável retrato do povo de Deus pós-moderno. A história, as epístolas, a profecia, enfim, toda a Palavra de Deus comprova que nós, o povo de Israel atual, somos tão infiéis, orgulhosos e miseráveis quanto o antigo Israel. Definitivamente, a história se repete, ipsis literis
Assim como no Antigo Testamento, Deus continua nos amando, perdoando, educando, abençoando, apesar de nossa promiscuidade espiritual (cf. Oséias 5:4; Apocalipse 14:8). Quantas vezes, como crianças desobedientes, desobedecemos as regras do nosso amoroso Pai, sejam físicas, morais ou espirituais? Quantas vezes, como cônjuges infiéis, traímos nosso fiel Esposo (cf. Jeremias 3:14) em troca de qualquer coisa que satisfaça nossas vontades egoístas? Quantas vezes pedimos perdão e prometemos obediência e fidelidade a Deus para, logo em seguida, voltar aos mesmos erros de antes? Somos ou não idênticos ao antigo Israel? Certamente! Por isso, Paulo nos adverte:

“Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos sob a nuvem, e todos passaram pelo mar, tendo sido todos batizados, assim na nuvem como no mar, com respeito a Moisés. Todos eles comeram de um só manjar espiritual e beberam da mesma fonte espiritual; porque bebiam de uma pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo. Entretanto, Deus não se agradou da maioria deles, razão por que ficaram prostrados no deserto. Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram. Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles; porquanto está escrito: O povo assentou-se para comer e beber e levantou-se para divertir-se. E não pratiquemos imoralidade, como alguns deles o fizeram, e caíram, num só dia, vinte e três mil. Não ponhamos o Senhor à prova, como alguns deles já fizeram e pereceram pelas mordeduras das serpentes. Nem murmureis, como alguns deles murmuraram e foram destruídos pelo exterminador. Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado. Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia.” (1 Coríntios 10:1-12)

Assim como os pecados do antigo Israel resultaram em terríveis sofrimentos e derrotas, atrasando em 40 anos sua entrada na Terra Prometida e levando quase todos à morte sem verem o cumprimento da promessa, hoje corremos o mesmo risco. Nós já fomos libertados da escravidão do pecado, quando Cristo morreu na cruz. Agora, somos peregrinos em terra estranha, mas nosso destino é a Canaã celestial. Na verdade, já poderíamos ter nos apossado dessa herança (cf. Ellen White, Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 67) se tivéssemos aprendido antes com os erros de Israel, se tivéssemos vivido como “raça eleita”, “sacerdócio real”, “nação santa”, “povo de propriedade exclusiva de Deus” (Êxodo 19:6; 1 Pedro 2:9) e cumprido a missão do povo escolhido (cf. Apocalipse 14:9 e 10) por preceito e exemplo. Se ainda não chegamos ao nosso destino, é porque ainda não aprendemos a lição que Deus está tentando nos ensinar: “Cristo aguarda com fremente desejo a manifestação de Si mesmo em Sua igreja. Quando o caráter de Cristo se reproduzir perfeitamente em Seu povo, então virá para reclamá-los como Seus.” (Ellen White, Parábolas de Jesus, p. 69)
Portanto, em vez de imitar os erros de Israel, reclamando do “maná” divino, das regras de Deus, da demora da “viagem”, das privações, das derrotas e de tantos outros problemas, que muitas vezes são ocasionados por nossa própria desobediência, aproveitemos o tempo para aprender as lições que Deus quer nos ensinar individualmente, como fizeram Josué e Calebe. “Em TUDO, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (1 Tessaloniceses 5:18). Como assim? Agradecer por TUDO, inclusive pelas coisas ruins? Sim, porque “TODAS as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o Seu propósito” (Romanos 8:28). Se é que queremos ter um destino diferente de nossos pais… 
“Mas é muito difícil”, costumamos dizer. Sim, assim como era difícil para o povo de Israel de antigamente, acostumado com a impiedade do Egito. Mas não impossível, “porque para Deus TUDO é possível” (Marcos 10:27). “TUDO posso NAQUELE que me fortalece” (Filipenses 4:13). “Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e NÃO PERMITIRÁ que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar” (1 Coríntios 10:13).
Felizmente, assim como o antigo Israel, temos um libertador, que suportou tentações, privações, humilhações, morte, todo sofrimento possível com paciência e mansidão impressionantes, por amor a nós; que ressuscitou e hoje intercede incessantemente por nós à “destra de Deus” (1 Pedro 3:22); que está ansioso para conceder Seu poder a todos que pedirem. “Não há desculpa para o pecado, ou para a indolência. Jesus abriu caminho, e deseja que Lhe sigamos as pisadas. Ele sofreu, fez sacrifícios quais nenhum de nós pode fazer, para pôr a salvação ao nosso alcance. Não precisamos desanimar. Jesus veio ao nosso mundo para trazer ao homem poder divino, a fim de que por Sua graça fôssemos transformados em Sua semelhança. Quando o coração quer obedecer a Deus, quando se fazem esforços neste sentido, Jesus aceita essa disposição e esforço como o melhor serviço do homem, e complementa a deficiência, com Seu mérito divino.” (Ellen White, Para Conhecê-lo, p. 226)

Imagine como teria sido diferente a história daquele povo no deserto se tivesse crido e se apossado dessa promessa… Imagine como será diferente nossa história se crermos e nos apossarmos dessa promessa…
Karina Carnassale Deana
Esposa do Davidson, mãe da Graziella (8) e dona de casa. Pedagoga e tradutora freelance. Gosta muito de escrever e inventar maneiras de ajudar as crianças a aprender. Ama a vida no campo e estar em meio à natureza com Deus e a família.

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